O colorido dos tradicionais barquinhos de miriti voltou a ocupar os espelhos d’água do edifício-sede do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA), nesta quinta-feira (2), com a abertura da 15ª edição da exposição Canoas de Promesseiros, que traz o tema “Onde a fé navega, a esperança transborda”.
Ao todo, foram dispostos no espaço 200 barquinhos que remontam à Romaria Fluvial em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, uma das mais tradicionais procissões do Círio e reúne milhares de fiéis nas águas da Baía do Guajará, em Belém.
O vice-presidente do TCE-PA, conselheiro Luís Cunha, destacou a relevância da iniciativa. “Apresentamos este projeto com muito orgulho. É um abraço institucional do TCE à programação do Círio. Há 15 anos, essa ideia surgiu inspirada na Romaria Fluvial. Hoje, o evento cresceu e valoriza a arte, a cultura e também a inclusão”, afirmou, ao fazer a abertura oficial da exposição ao lado da conselheira Lourdes Lima.
As peças foram confeccionadas por artesãos de Abaetetuba e pintadas por pessoas em processo de recuperação da dependência química atendidas pela Fazenda Esperança, em Mosqueiro, durante a Manhã dos Eleitos, realizada no último dia 27 de setembro, pela Diretoria da Festa de Nazaré.
Karen Lima Reis, representante da Diretoria da Festa de Nazaré, ressaltou a parceria com o Tribunal. “Já somos parceiros desde 2023 e, este ano, nossa ação na Manhã dos Eleitos acolheu 100 residentes da Fazenda Esperança, que, junto a seus familiares, pintaram os barquinhos levados pelo TCE, em um momento de acolhimento e esperança”, disse.
O artesão Manoel Miranda, da Associação de Artesãos de Abaetetuba, que reúne 23 famílias dedicadas ao trabalho com miriti, também destacou a importância da visibilidade proporcionada pela parceria com o Tribunal de Contas. “Para nós este momento é uma honra. Por meio do TCE, nosso trabalho, que é o sustento de nossas famílias, é visto neste espaço e ganha reconhecimento”, afirmou.
A exposição integra o calendário oficial da quadra nazarena em Belém e já se consolidou como um dos eventos mais aguardados do período, atraindo os olhares de quem passa pelas imediações da sede do TCE-PA. A estimativa é de que mais de 400 mil visitantes apreciem a mostra.
Desde 2010, mais de 2 mil canoas de miriti já foram produzidas, garantindo emprego e renda a artesãos locais. Ao final da programação, as peças são doadas a alunos de escolas públicas da Região Metropolitana de Belém.
Exposição Fotográfica
Como parte da programação alusiva ao Círio, o TCE-PA também inaugurou a mostra “Navegando por Memórias – Canoas de Promesseiros: imagens que revelam fé, esperança, cultura e inclusão”, composta por 20 registros que retratam momentos marcantes das 14 edições anteriores do projeto.
Instalada inicialmente no Largo do Redondo, a exposição será transferida para o Espaço Cultural Clóvis Moraes Rêgo, no prédio-sede do Tribunal, onde ficará aberta à visitação até o dia 27 de outubro.
A iniciativa busca preservar a memória da exposição dos barquinhos de miriti, que ao longo dos anos se consolidou como expressão cultural capaz de reunir pessoas de diferentes origens em homenagem à Virgem de Nazaré.
Incentivo ao Artesanato
O evento também contemplou uma feira de artesanato, instalada no Largo do Redondo, com a participação de expositores da Região Metropolitana de Belém. Artesã de Ananindeua, Lucilene Lima, confecciona bonecas e bonecos de pano que retratam personagens ribeirinhos, como a própria Nossa Senhora de Nazaré e até o mascote da COP 30, o curupira. "É muito importante para nós artesãos essa visibilidade", disse.
Compareceram ao evento o procurador-geral de contas do MPCPA, Stephenson Victer; os procuradores de Contas Patrick Mesquita; Felipe Rosa Cruz e a corregedora-geral Deíla Maia.
O Coral Conselheira Eva Andersen Pinheiro se apresentou durante a abertura da exposição.